Iemanjá
Mitologia
Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos:
Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho,
partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez
dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu
pela mundo.
Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam
seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram
adultos.
Comentava consigo mesma:
- Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso.
Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas,
conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu,
nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado
surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu
para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a
mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto.
Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador.
Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo...
Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que,
ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu
filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu
saudou-a e comentou:
- Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à
sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!
- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
- O que quero dizer é que você é a única mulher que me
encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer
neste mundo!
E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força,
tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir
jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do
filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo
que fez, Exu "caiu no mundo", sumindo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e
a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao
Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima,
foi saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos
Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos
outros, na corte.
Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou
entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe
não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.
IEMANJÁ
A majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada,
Iemanjá é a Rainha das águas salgadas, considerada como mãe de todos Orixás,
regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa
das Pérolas, Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do
nascimento.
Essa força da natureza também tem um papel muito importante
em nossas vidas, pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas. É Iemanjá
que vai dar o sentido de "família" a um grupo de pessoas que vivem
debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por
pai, mãe e filhos, transformando-os num grupo coeso.
Iemanjá é o sentindo de educação que damos aos nossos
filhos, os mesmos que recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avós.
Ela, Iemanjá, rege até o castigo, as sanções que aplicamos aos filhos. É o
sentido básico, é a base da formação de uma família, aquela que vai gerar o amor
do pai pelo filho, da mãe pelo filho, dos filhos pelos pais, transformando tais
sentimentos num só, poderoso, imbatível, que se perpetuará.
Iemanjá é a família! Rege as reuniões de família, os
aniversários, as festas de casamento, as comemorações que se fazem dentro da
família. É o sentido da união, seja ligado, por laços consangüíneos, ou não.
Dentro do culto, numa casa de santo, Iemanjá também atua
organizando e dando sentindo ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando
essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependências;
proporcionando o sentimento de irmão pra irmão em pessoas que há bem pouco
tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho,
ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos do relacionamento do Babalorixás,
ou Ialorixás como os Omo Orixás (filhos de Santo).
Iemanjá também está presente nas decisões, nos momentos de
angústia e preocupação pelo ente querido, pois seus sentimentos geram os
nossos, A necessidade de saber se aqueles que amamos estão bem, a dor pela
preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós
o sentido de amor de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um
filho, filha, pai, mãe, outro parente, ou amigo muito querido. E estendemos
isso, também, às comunidades da Religião.
Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos
a salvo, sem problemas. É a manutenção da harmonia do lar.
Está presente também no nascimento, pois é ela quem vai
aparar a cabeça do bebê, exatamente no momento do seu nascimento. Se Exu
fecunda e Oxum cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela nova vida
no mundo e entregá-la ao seu regente, que inclusive pode ser até ela mesma.
Isto tem uma importância muito grande, no sentido e na visão da Cultura Africana,
sobre a fecundação e concepção da vida humana. Iemanjá é a senhora dos lares,
pois, desde o nascimento, ou a partir do nascimento, ela cuidará da família.
Daí o titulo de Iyá (mãe), melhor, Iyá – Ori (mãe da cabeça)
e plasmadora de todas as cabeças; aquela que gera o Ori, que dá o sentido da
vida e nos permite pensar, raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e
inteligentes.
Iemanjá está presente nos mares e oceanos. É a Senhora das
águas salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os
seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do
mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é
ela quem protege a vida no mar.