30 março 2015

A MALDIÇÃO DO FARAÓ

A MALDIÇÃO DO FARAÓ


 Após a descoberta de uma tumba no Egito, nasce um mito. Não se sabe sua origem, mas o poder da imprensa contribuiu para disseminar esta crença: a Maldição do Faraó.
A lenda conta que às margens do Nilo um jovem Faraó está morto e a mais de 30 séculos depois um homem está morrendo. Duas mortes separadas por muitos séculos e ainda assim interligadas.
O homem era um nobre Inglês no ímpeto de encontrar o jovem Faraó.
Sua busca disparou a maior caça ao tesouro da História e uma reação de mortes em cadeia. Um a um aqueles que perturbavam a tumba do Faraó, pereceram. Até hoje as casualidades crescem e a ciência segue um assassino esquivo de 3.000 anos de idade.
A cena do crime começa no Vale dos Mortos, onde esculpido em rochas está o maior mausoléu do mundo. É o local onde a 1500 anos antes de Cristo, os Faraós do Egito foram postos para descansar. Porém, quando os arqueólogos chegaram, séculos depois, encontraram apenas ossos ressecados, outros estiveram aqui antes.
Para os arqueólogos, o Vale dos Reis ainda é o lugar mais rico da Terra, ainda assim um dia acreditaram que ele não escondia mais surpresas, até que algo extraordinário foi descoberto, a tumba de Tutankamon.
Aos 9 anos ele assumiu o trono e recebeu uma esposa, 9 anos depois ele estava morto. Pouco se sabe a respeito. Deixando apenas o invólucro de sua vida, ele sofreu um destino muito pior do que a morte, o esquecimento.
Dois homens eram igualmente desconhecidos, um era o arqueólogo chamado Howard Carter, o outro seu financiador Jorge Eduard Moline Herbert, o quinto Conde de Carnarvon.
Pode-se dizer que Carter era o Indiana Jones de sua época, e assim iniciou uma jornada rumo ao Egito, procurando por algum tesouro ainda não encontrado.
Os especialistas consideraram essa busca ser um Tiro no Escuro, era uma época em que não havia detectores de metal e nenhum sonar sofisticado para pesquisar em bolsas ou buracos sob o solo ou areia. Então foi um tiro no escuro para todos, menos para Howard Carter.
Diferente de seus predecessores, Carter metodicamente escavou o Vale dos Reis metro a metro e encontrou hectares de desapontamento.
Logo antes do Natal de 1921, Carnarvon mandou chamar Carter para dizer que não poderia mais sustentar o que, aparentemente, era um projeto inútil. Carter explicou que faltava pouco a fazer e implorou por mais uma temporada. Finalmente Carnarvon concordou, mas deixou absolutamente claro que essa seria a última temporada.
Logo após o retorno de Carter ao Egito, os trabalhadores descobriram degraus de pedra que levavam a uma entrada escondida carimbada com um selo antigo. Era a marca da realeza. Após 5 anos de más notícias, Carter enviou a seu sócio um raio de esperança e solicitou sua presença o mais rápido possível. Enquanto Carnarvon estava a caminho algo assustador aconteceu a Carter.
Carter vivia sozinho e para lhe fazer companhia tinha se comprado um canário. Todos tinham ficado muito curiosos sobre esse pássaro amarelo, e diziam que esse pássaro amarelo iria levá-los à tumba.
Tendo acabado de encontrar a tumba, quando Carter retornou à sua casa, lá chegando seu serviçal saiu correndo segurando um punhado de penas amarelas dizendo que havia visto uma Naja comendo o canário, e que isso era um mau presságio, era azar.
                Os trabalhadores naturalmente associaram o fato à Naja que está presente no ornamento de todo Faraó, crendo ser o próprio Faraó que teria vindo e comido o sinal da esperança. E que seria uma época péssima para todos, as pessoas iriam passar por uma época terrível e de muito azar.
Cético, Carter desdenhou do presságio não dando importância para o acontecimento.
No anoitecer do dia 26 de Novembro de 1922, os trabalhadores tinham escavado uma segunda entrada que levava ao selo de Tutankamon. Ela também tinha a marca registrada de ladrões, uma área onde a tumba tinha sido invadida. Parecia que Howard Carter estava 3000 anos atrasado.
Após alguns dias o financiador da excursão chega para verificar a grande descoberta. Sozinhos na passagem estavam Lor Carnarvon, sua filha Lady Evelyn Herbert, o assistente de Carter e o próprio Carter. Diante dele, a descoberta de sua vida, ou uma tumba para seus sonhos. Carter prescrutou na escuridão do outro lado da tumba e viu maravilhas.
A sala toda brilhou e tudo o que brilhava era ouro. Carter estava petrificado. Nunca haviam sonhado com nada assim. Um museu inteiro, cheio de objetos, alguns dos quais nunca tinham visto iguais. Era impressionante. Nunca houve outro Faraó encontrado assim, praticamente intacto. Não há outra escavação tão boa quanto essa.


Mais tarde, para as autoridades egípcias Carter disse que todos deram uma olhada e depois saíram. Mas as evidências dizem que eles fizeram mais do que só olhar.
A licença de escavação que Carter e Carnarvon tinham não permitia que entrassem na tumba sem a presença de uma autoridade em antiguidades de uma organização egípcia. Na versão de Carter para as autoridades eles nunca disseram que tinham entrado. Contaram que esperaram e que apenas olharam lá dentro, selaram o buraco e esperaram três dias para a autoridade do Cairo chegar e ir com eles.
Mas será que após 10 anos de enormes dificuldades, você teria esperado? Não, não teria feito isso!
Eles fizeram o que qualquer um teria feito, eles entraram e passaram a noite toda lá dentro.
Inebriados pelo sucesso, os descobridores cometeram um erro profético. A Tumba de Tutankamon iria se tornar uma das maiores histórias da história. Mas para compensar suas despesas, Lord Carnarvon vendeu seus direitos exclusivos para um jornal. Carter viveria para lamentar o erro, Carnarvon não.
Numa manhã de primavera de 1923, Lord Carnarvon se cortou exatamente onde um mosquito o havia picado dias antes. O ferimento não sarava. Dias depois numa viagem ao Cairo, Carnarvon foi devastado pela febre e ficou extremamente enfermo. Seu secretário enviou as más notícias para Carter, a picada de mosquito tinha infeccionado. Aquela picada envenenada se espalhou pelo seu corpo e seu sangue está envenenado. O quadro de Carnarvon era irreversível!
No momento em que ele morreu, todas as luzes do Cairo se apagaram, sendo que os administradores dos serviços públicos da época não localizaram nenhum motivo para as luzes terem se apagado. Após 20 minutos a energia foi restaurada como num passe de mágica, sem ninguém interferir.
Naquele exato momento, outra coisa inexplicável aconteceu, a mais de 3200 km de distância, na Inglaterra. A pequena Fox Terrier de Carnarvon, estava dormindo na sua cesta, e no mesmo segundo que ele morreu, a cachorrinha se sentou na sua cesta, uivou e morreu.
Como o Rei, cujo sono ele perturbou, o nobre inglês também não descansaria em paz. O corpo de Carnarvon ainda não tinha esfriado quando a imprensa deu o nome do culpado pela sua morte.
Inscrita na tumba, escreveu um repórter, também estava uma maldição que alertava “Matarei todos aqueles que cruzarem esta entrada.”
Um outro jornal relatou uma maldição exata: “Aqueles que penetrarem nesta tumba sagrada, logo serão visitados pelas asas da morte.”
Mas a morte de Carnarvon não seria a última.
Entre os visitantes da tumba de Tut em 1995, estavam Gerry Mansel e sua esposa Sharryl. Para Sherryl, uma estudante da história da arte, era a viagem de uma vida. As paisagens a impressionavam tanto que apenas vê-las não era o bastante.
Descendo até as tumbas,Sherryl e seu esposo estavam olhando as pinturas azuis escuras e vermelhas, ela se inclinou pra frente e estava olhando uma pintura muito de perto, ergueu a mão até a pintura e tocou-a. Esfregou o dedo na tinta, o guia viu e gritou com ela.
Quando o casal retornou à Pensilvânia, os problemas de Sherryl começaram. Três semanas após termos voltado, ela começou a ter uma leve tosse, que foi piorando até que ela finalmente estava tossindo a maior parte do tempo. Ela já havia sido tratada pela doença de Rodkin, e eles suspeitaram que a doença havia retornado novamente porque os sintomas eram muito parecidos.
Cerca de um dia ou dois depois, eliminaram esta possibilidade e começaram a pensar que o problema era algo nos pulmões. Os médicos nunca tiveram a chance de descobrir porque a doença evoluiu muito rápido, então decidiram fazer uma biópsia dos pulmões. Através dessa biópsia os médicos puderam identificar um fungo, o Aspergirus Niger e muito provavelmente foi esse o evento que precipitou a sua doença.
Esporos microscópicos do fungo são facilmente inaláveis, corpos saudáveis resistem a eles, mas o sistema imunológico de Sherryl estava debilitado devido a sua batalha contra a doença de Rodkin. Sherryl Mansel estava faminta de oxigênio. 10 dias após ela ter dado entrada no Hospital, os seus pulmões falharam. Ela tinha 38 anos de idade. Mas o caso ainda não estava fechado, o mistério era a cena do crime. Onde Sherryl Mansel encontrou seu assassino?
Seu marido relatou a viagem que fizeram ao Egito e ligou a o acontecido à  cena do crime, ela podia ter pego algo lá. Então tínhamos que descobrir se esse fungo também estava presente nas tumbas que ela tinha visitado. Era o único lugar de onde poderia ter vindo.
Os médicos ligaram para o departamento de egiptologia da Universidade da Pensilvânia. Eles estavam imaginando que isso tinha algo a ver com a maldição.Também era muito importante saber se esse evento já havia sido descrito antes. E a resposta foi impressionante, havia sim sido descrito anteriormente. Em 1923, dois homens tiveram morte súbita após visitarem a tumba de Tut. O que os médicos chamaram de febre foi anunciado como “A Maldição de Tutankamon”. Mais duas mortes súbitas se seguiram, o assistente que ajudou Howard Carter a penetrar na tumba e outro homem que ajudou Carter a retirar o conteúdo da tumba.
O verdadeiro assassino espreita nas próprias paredes da tumba. Parecia tinta descascada até que se olhou de perto. As paredes estão cobertas de um afloramento de fungos marrons, os germes originais que provavelmente foram introduzidos pelo gesso ou pela tinta. Os fungos se alimentaram da umidade do gesso após a câmara ter sido lacrada. O fungo é o Aspergirus Niger. Na tumba, cálida e úmida, ele prosperou. A única coisa que viveu durante 3000 anos.
Quando Sherryl Mansel chegou no Egito, com seu sistema imunológico debilitado, ela era uma ótima hospedeira para o fungo. Ligando o caso de Sherryl, que é um caso atual, à visita das próprias tumbas, os pesquisadores foram capazes de estabelecer uma relação direta entre o que pode ter acontecido aos arqueólogos que visitaram a tumba em tempos remotos. Eles estavam muito certos de que o Aspergirus pode ter desempenhado um papel fundamental na morte destas pessoas.
A ciência estava pronta para encerrar o caso de Sherryl Mansel, mas não a maldição de Tutankamon.
Em 11 de Novembro de 1925 Howard Carter comete o que seria um sacrilégio para a memória do Faraó e do povo Egípcio, para recuperar os amuletos que estavam com Tutankamon, Carter realizou uma operação radical, ele cortou o corpo.
O resultado dessa autópsia foi fatal. Em 14 dias dois participantes do grupo morreram. Até 1927 seis homens tinham morrido devido a uma única causa aparente, a Maldição da Múmia.
Apesar de morta a milhares de anos, uma múmia permanece viva com bactérias, algumas inofensivas, outras letais.
A tosca autópsia de Carter liberou um assassino invisível. O pó de uma múmia, esse era o perigo na tumba de Tutankamon.
O homem que encontrou a tumba de Tutankamon, estava entre os poucos que escaparam de sua maldição, ou quase. Quando fez a maior descoberta da arqueologia, Howard Carter teve o mundo a seus pés, e então, ele tropeçou. Ele tinha que trabalhar em um ambiente terrível, árido, seco, com tempestades de pó, seu melhor amigo Carnarvon estava morto, ele estava sendo muito pressionado pelos Egípcios e estava sob enorme pressão da imprensa que não teve acesso a história, ele tinha um espaço muito pequeno para trabalhar, estava enlouquecendo, estava irritado, seu temperamento estava explosivo. Howard Carter chegou ao limite, ele não agüentou mais e enlouqueceu.
Obcecado e com acesso ao que ele sentia ser a sua tumba, um dia Carter trancou todos para fora, inclusive os egípcios. Isso foi um grande erro, como estrangeiro trabalhando em um país ele tinha de saber que era convidado, e se você é convidado precisa respeitar as pessoas com quem está trabalhando.
Quando ele fez essa insanidade de instalar um enorme portão de ferro e trancá-lo, foi como se a Inglaterra estivesse tomando algo que pertencia ao povo egípcio, o que era verdade. Os egípcios se enfureceram e o puseram para fora.
Após um ano de exílio, permitiram que Carter retornasse, mas a um preço terrível, ele tinha que renunciar o seu direito ao tesouro de Tutankamon.
O destino o poupou para viver dia após dia com o tesouro que ele encontrou mas que nunca poderia possuir. Talvez a maldição definitiva.
Carter passou a década seguinte no Vale dos Reis catalogando as 5000 peças maravilhosas de Tut. No dia 02 de Março de 1939 aos 65 anos ele morreu de causas naturais.
Antes de morrer Carter ressarciu Tutankamon, remendando os ossos do Faraó e deixando que ele descansasse em paz em sua tumba.
Mas ele não descansaria. Numa reação em cadeia de tragédias, sua maldição fez mais cinco vítimas.
Primeiro, Lady Carnarvon morreu subitamente vítima de uma picada de inseto, como seu marido. Então Richard Bitchel, o secretário de Lord Carnarvon morreu misteriosamente enquanto dormia. Três meses depois o pai de Bitchel, lançou-se para a morte do sétimo andar de um edifício, ele deixou um bilhete culpando a maldição do rei Tut pela morte de seu filho.
A caminho do cemitério, o carro fúnebre do pai de Bitchel atingiu um garoto de 8 anos. No exato momento da morte do garoto, morreu também um funcionário do museu britânico cujo campo era a egiptologia.


Durante três décadas a maldição ficou adormecida, até a última vez que o sono de Tutankamon foi perturbado.
Os tesouros reais deveriam acompanhar o Rei para a jornada do pós vida. Ao invés disso eles fizeram um desvio. Na década de 70 o Egito cedeu a uma exigência popular e enviou muitas das relíquias de Tut a uma turnê mundial. O diretor de antiguidades do Egito sonhou que morreria se os tesouros deixassem o país. Três meses depois, num acidente de carro, ele foi a 25 vítima da maldição de Tut.
No mesmo dia em que a máscara de Tut foi preparada para ser levada a Londres, uma autoridade egípcia que zombou da maldição, morreu de ataque cardíaco.
Quando o tesouro chegou a Londres lá estava Lady Evelyn Herbert, a primeira pessoa a entrar na tumba de Tut.
Nesta época as TV´s e rádios procuravam por Lady Evelyn Herbert para saber sobre a maldição. Ela ria e dizia que estava viva e bem aos 70 anos e que não acreditava nela. Porém, saindo do museu, provavelmente em sua quinta visita, ela sofreu um derrame e ficou paralisada. Mas isso poderia ser facilmente explicado por uma coincidência e ter acontecido devido ao stress.
A coincidência conseguiu explicar a morte da maioria das vítimas da Maldição de Tut. Para explicar as outras, a ciência voltou para dar uma olhada mais de perto.
Um renomado egiptólogo afirma que nenhuma das inscrições da tumba pode ser consideradas uma maldição, então o que se consideraria como uma maldição não ocorre na Tumba do Rei Tut.
A chamada Maldição foi inadvertidamente espalhada quando da morte de sua primeira vítima.
Quando Lord Carnarvon vendeu os direitos exclusivos para o Jornal London Times, os jornais locais ficaram ultrajados. Quando Carnarvon morreu eles se vingaram publicando sobre os rumores de uma maldição.



 Grasi Marchioro

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