01 março 2017

o Deus anão: Bes

O deus anão: Bes
Bem vamos falar sobre um deus que sempre é deixado em “segundo plano” na mitologia egípicia, mas que é completamente importante!
Considerada a divindade doméstica mais popular do Egito, Bes era um anão libidinoso, rude e cômico. Amante da música, do canto e das bebedeiras, era associado a todos os prazeres humanos. Mas também protegia as pessoas do mau olhado e dos espíritos ruins, sendo muito adorado pelo povo. Trazia prosperidade aos recém-casados, encorajava o amor livre e cuidava das crianças. Todas as casas tinham a sua imagem esculpida nas cabeceiras das camas ou nos espelhos, ou pintada nas paredes dos dormitórios – até mesmo nos reais. Junto com Taweret, cuidava das mulheres que estavam dando à luz e, por isso, em casas onde iria acontecer um parto se via sua figura desenhada sobre a cama da mulher grávida. Seus símbolos eram instrumentos musicais – como o pandeiro e a harpa – e as facas.                       
Bes era representado com um rosto largo e barbudo, grande orelhas pontudas e uma língua comprida, que alguns diziam parecer estar com uma máscara. Gordinho e de pernas arqueadas, vestia uma pele de leopardo ou leão, com a própria cauda do animal, e uma pena de avestruz nos cabelos despenteados. Acreditava-se que sua feiúra afastava os espíritos malignos e, por essa razão, ao contrário dos outros deuses egípcios que só eram pintados de perfil, Bes era sempre retratado de frente. Também por causa de sua feiúra, Bes se tornou o deus dos cosméticos e de todas as formas de embelezamento feminino. Sua imagem era reproduzida em tubos de kajal, potes de rouge e cremes, e frascos de perfume.                       
Quando os egípcios foram dominados pelos romanos, por volta de 31 a.C., as forças invasoras adotaram o deus, mas substituíram suas vestes egípcias pelas de legionário romano. Era também chamado de Besu ou Bisu.
O nome pelo qual é chamado, ‘Bes’, originário da palavra ‘besa’, que significa ‘proteger’ era designado para representar uma variação de dez deuses que tinham muitas características semelhantes – Aha, Amam, Bes, Hayet, Ihty, Mefdjet, Menew, Segeb, Sopdu e Tetetenu.
Suas origens datam do Reino Antigo, onde o deus Aha seria seu ancestral. Existe a hipótese de que seja originário da região onde atualmente se encontra a Turquia, uma vez que imagens do mesmo foram encontradas em escavações em território turco. Bem como acredita-se também de que seja originário da África subsaariana, pois um dos títulos que lhe é agregado, “Senhor de Punt”, denomina uma antiga terra pertencente à região. Inclusive, a coroa emplumada que Bes utiliza é muito semelhante com a coroa da deusa Anuket, originária das fronteiras sulistas do Egito.
Há várias maneiras de ser representado, sendo muitas vezes de forma pitoresca, sendo um anão, de corpo peludo e nu ou envolvido em uma pele felina e também vestindo o saiote kilt. Rosto largo, barbudo, dotado de características felinas, muitas vezes projetando sua língua para fora da boca, pernas tortas e flexionadas. Em algumas representações aparece com as mãos apoiadas à cintura, em outras, empunha uma espécie de espada em uma delas e, ainda, a estrangular uma serpente. Também pode aparecer com o sinal ‘sa’, que significa proteção. Há casos em que é mostrado batucando um pandeiro. Sua forma de ser representado também se diferencia muito de os outros deuses egípcios, pois Bes muitas vezes é mostrado de frente e poucas vezes de perfil, como a maioria dos demais deuses egípcios, dando a sua representação uma maior impressão de movimento.
Apesar da aparência grotesca em que muitas vezes é representado, Bes é dotado de uma índole benéfica, onde uma das suas principais funções era salvaguardar as gestantes, inclusive, o mesmo faz parte do grupo seleto de sete deuses do parto junto às deusas Hathor, Heket, Meskhenet, Isis, Nekbet e Tauret. Várias representações do deus são encontradas nas casas ‘mammisi’, típicas do período romano, onde eram locais sagrados para a realização do parto. Era também protetor principalmente das crianças, onde através de sua ‘feiura’, afastava maus espíritos e também ameaças peçonhentas como escorpiões e serpentes. Guardião do bom sono, prospector de fertilidade e de boa sorte, amuletos e representações eram encontrados nas paredes de casas de artesãos que trabalhavam na construção de tumbas da região de Deir el-Medina. Era o deus também das festas, sendo relacionado a dança e também a música, onde é encontrado em móveis do túmulo da rainha Tiye (XVIII Dinastia), onde Bes é representado tocando um pandeiro, exemplo encontrado também nas paredes do santuário da deusa Hathor, na ilha de Philae.
Apesar da sua grande popularidade, nunca foi encontrado um templo dedicado especificamente a sua veneração. Restando somente uma vasta coleção de amuletos e pingentes, bem como pequenas estatuetas, representações em vários objetos, como potes cosméticos, máscaras, além de suas representações nas casas ‘mammisi’, e nas paredes de casas, tumbas e templos. (fonte: http://urci.org.br/museu-egipcio-o-deus-egipcio-bes/)
Embora existisse devoção popular para com os grandes deuses do panteão egípcio, o povo preferia cultuar divindades mais rústicas que, provavelmente, poderiam atender melhor às suas modestas aspirações. O deus Bes, de origem africana ou semítica, era uma delas. Apesar de sua aparência medonha, era inteiramente inofensivo. Tinha o aspecto de um pequeno gnomo barbado que exibia seu corpo nu e disforme e mostrava a língua de maneira provocante. Com rosto em forma de máscara, de cabelos desgrenhados e dotado de cauda, frequentemente estava coberto com peles de leão. Devotava-se a distrair e proteger os homens contra todos os malefícios.
Sua face repulsiva e grotesca punha em fuga as forças malígnas e fazia rir aquele a quem ele amparava. Sendo uma divindade doméstica, protegia o dia-a-dia das pessoas, afastava o mau-olhado e era muito popular entre os egípcios. Considerado o patrono da música, da boa mesa, do divertimento, das mulheres grávidas e dos partos, era também o protetor da família e companheiro de folguedos das crianças. A origem dessa divindade familiar é obscura e não deixou traços na literatura religiosa. Em compensação ela está constantemente presente em objetos domésticos como pés ou cabeceiras de cama e artigos de toalete de todo tipo. Após a morte do indivíduo, Bes continuava protegendo o falecido em sua nova morada e prosseguia na função benéfica de repelir as forças maléficas.
O egiptólogo Alan W. Shorter assim descreve esse deus: Bes é representado como um anão manco, sendo sua cabeça às vezes coberta por uma fileira de penas. Parece ter assumido originariamente a forma de um leão ou de algum outro membro selvagem da tribo dos felídeos, pois muitas vezes é figurado com orelhas, juba e rabo semelhantes aos dessas criaturas; já em outras versões o artista interpreta esses elementos como pertencentes a uma pele que o deus usa sobre o corpo. Esse deus era bastante popular, a julgar pela infinidade de berloques e amuletos confeccionados com sua figura. Especialmente associado aos prazeres humanos de toda espécie, sua figura cordial costumava adornar os pés das camas de casal, ou então era representado a tocar um pandeiro, incentivando seus adoradores a cantarem e a se divertirem. Nas figuras talhadas em alguns cetros mágicos de marfim, ele é mostrado no ato de estrangular e devorar serpentes, a fim de proteger a humanidade desses répteis nocivos.

Bes frequentemente é representado tocando vários instrumentos musicais, especialmente um tambor ou um pandeiro. Parece lógico estando ele associado à gravidez e ao parto, uma vez que a música é importante na celebração de um nascimento feliz. Vários fragmentos de pintura mural encontrados nas residências de Deir el-Medina mostram este deus dançando e tocando. Sem dúvida o papel mais importante atribuído a ele era a proteção da mãe e da criança durante o perigoso momento do parto. Um encantamento para evitar as complicações do nascimento deveria ser recitado quatro vezes diante de uma figura de barro da divindade colocada na cabeça da mulher em trabalho de parto. De acordo com um mito, ele apaziguara a enfurecida deusa Hátor numa ocasião em que ela, amuada, se refugiara em Philae, tocando pandeiro e harpa para ela e, em função disso, ele é visto tocando os dois instrumentos nas colunas do templo daquela deusa em Philae. Também existem várias representações de Bes portando uma faca, com a qual lutava contra as forças malígnas.
Associações:
Deus: da alegria, das mulheres, proteção, parto, festas, morte, coragem;
Cores: todas as cores menos o vermelho (no antigo Egito era a cor da maldade, e coisas ruins);
Oferendas: pandeiros, tambores, estatuetas dele, festas, facas, orações e meditação, mascaras;
Chamá-lo para: proteção, ajudar em partos, criar coragem, superar seus medos;
Bem espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais obre esse deus maravilhoso que é Bes!
Que os deuses lhe abençoem!

Raffi Souza.